sexta-feira, 19 de abril de 2013

Reducionismo proposital

Matheus Viana

Declarar a falácia de que Deus é produto da mente humana nada mais é do que demonstração da necessidade que o ser humano tem de conhecê-Lo. A questão é que o desejo de Deus vai de encontro a esta necessidade. Deus se fez homem, ou seja, reduziu-se à forma humana (Filipenses 2:6-8) para que se tornasse cognoscível (capaz de ser conhecido). Este é o maior fenômeno (na visão kantiana) de todos os tempos.

A tentativa de reduzir Deus a um mero produto da alma humana é sintoma da insanidade de transformar o subjetivo em objetivo; o abstrato em concreto; o metafísico em natural. Em outras palavras, se o ser humano é capaz de “produzir” Deus com suas emoções e pensamentos, ele se torna seu próprio deus. É este o raciocínio do filósofo alemão Feuerbach em sua afirmação: “o homem é seu próprio deus”.

Esta tentativa é desdobramento da necessidade que o ser humano possui de compreendê-lo em detrimento de suas limitações. A questão é que o desejo de Deus vai de encontro a esta necessidade. Deus se fez homem, ou seja, reduziu-se à forma humana (Filipenses 2:6-8) para que se tornasse cognoscível (capaz de ser conhecido). Este é o maior fenômeno (na visão kantiana) de todos os tempos. Mais do que fenômeno, tal fato é a síntese entre fenômeno (cognoscível/explicável) e o númeno (incognoscível/inexplicável). 

Por isso, Jesus afirmou: “Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o Pai.” (Evangelho segundo João 14:7). E a obtenção deste conhecimento se dá também através da razão. O próprio Jesus preconizou: “Examinai as escrituras, pois elas de mim testificam.”(Evangelho segundo João 5:39). Mas esta razão é complementada pelo metafísico. Pois Jesus também afirmou: “Mas o consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ajudará, vos ensinará e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (Evangelho segundo João 14:26). Parakletos é a expressão original traduzida como consolador. Para – ao lado; kletos – chamado, convocado. Eis a síntese entre o fenômeno (cognoscível/razão – escrituras) e o númeno (incognoscível/metafísico – Espírito Santo) que Immanuel Kant, equivocadamente, desmembrou em duas partes distintas que mais tarde Hegel classificou como tese e antítese.

Sem a coesão desta síntese é impossível conhecer e compreender Deus. O reducionismo cientificista é resultado desta dicotomia kantiana. Como a tentativa de compreender e conhecer a Deus apenas pelo método científico (fenomenologia), ignorando o metafísico, é ineficaz, alguns partem para a hipótese – já que não há comprovação satisfatória – de que Deus, conforme Nietzsche, Freud entre outros afirmaram, é produto da alma humana. A partir disto, a insanidade vem à tona. 

O apóstolo Paulo indagou: “Quem conheceu a mente de Deus para que possa instruí-lo?” (I Coríntios 2:16). Ninguém. Mas somente aqueles que possuem a mente de Cristo: a síntese entre razão e fé; entre fenômeno e númeno; entre o explicável e o inexplicável é que podem obter este conhecimento, claro, sem a pretensão de instruir Deus. “Jesus Cristo é o poder (metafísico) e a sabedoria (razão) de Deus.” (I Coríntios 1:24). Quer conhecer e compreender Deus? Jesus se reduziu ao nível humano para atender tal desejo.

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