segunda-feira, 27 de maio de 2013

Subterfúgio


Conforme preconiza Descartes, para que surjam novas verdades, as velhas devem ser destruídas. Eis a fórmula mágica: para a implantação de um novo padrão familiar formado por dois pais ou duas mães, que não preenche de forma satisfatória a dualidade imprescindível para o desenvolvimento de uma criança, é preciso destruir o vigente.

Matheus Viana

A mobilização de milhares de manifestantes contrários à recente legalização do casamento homossexual na França é a demonstração de que a militância pelo padrão familiar tradicional não será facilmente vencido, apesar da grande investida do movimento mundial revolucionário.

Paralelo à manifestação que ocorreu em Paris, no dia 26, o diretor de cinema franco-tunisiano Abdellatif Kechiche recebeu o prêmio Palma de Ouro no festival de Cannes pelo seu mais recente filme A vida de Adelle, longametragem que tem como enredo o amor entre duas jovens lésbicas. Por ser um país muçulmano, a Tunísia penaliza com a morte os homossexuais. Fato que fortalece ainda mais o movimento que usa a “luta pelos direitos humanos” como instrumento de estabelecimento e doutrinação.

O seriado norte-americano Chicago Fire, produzido pela Universal Studios, também trouxe recentemente o tema à tona quando abordou o drama de uma mulher grávida que abandonou o marido para reatar a relação com uma paramédica do corpo de bombeiros, uma das protagonistas da trama. Assim que a ex-esposa deu à luz, o pai entrou na justiça pela guarda integral do filho e foi colocado como o “vilão” da história.

Isso mesmo. A família tradicional e a instituição matrimonial chamada casamento são banalizadas e desfeitas, e o filho não possui o direito de morar com o pai, mas sim com a mãe e sua companheira. O papel de pai não é apenas rechaçado, mas considerado inútil nesta espécie de feminismo insano. Conduta vista como indevida pela psiquiatria. Conforme afirma o psiquiatra Sérgio Nick: “A mãe pode até exercer as funções maternas e paternas, mas isto não quer dizer que a figura masculina não seja imprescindível na vida da criança.”. Dizer o contrário, ou que este papel masculino pode ser substituído por uma mulher que assuma o papel de “pai” é picaretagem ideológica pura e simples. Não se trata de mera apologia somente, mas da doutrinação de um ideal comportamental meticulosamente estabelecido há décadas.

Mobilizações a favor da prática da homossexualidade são vistos como movimentos pela “igualdade de gênero” e também pela “liberdade sexual”. Mas sabemos que isto nada mais é do que a mesma estratégia usada por Joseph Goebbels nos tenebrosos tempos do nazismo alemão. Por trás do discurso de “liberdade” há a clara imposição de um padrão comportamental que deve ser aceito sem direito a divergências, algo comum em um Estado Democrático de Direito.

Sabemos muito bem que a relativização dos absolutos é o primeiro estágio para a construção de uma tirania. Usemos como exemplo a mudança política russa em 1917. O movimento revolucionário bolchevique destronou e destruiu o regime czarista para implantar, em seguida, a ditadura leninista que culminou no bloco soviético que castigou por décadas os milhares de dissidentes.

Conforme preconiza Descartes, para que surjam novas verdades, as velhas devem ser destruídas. O idealismo de Hegel caminha em uma esteira semelhante. Destruindo os absolutos sociais, cria-se espaço para a criação e o estabelecimento de novos padrões. Eis a fórmula mágica: para a implantação de um novo padrão familiar formado por dois pais ou duas mães, que não preenche de forma satisfatória a dualidade imprescindível para o desenvolvimento de uma criança, é preciso destruir o vigente. É o que temos visto. É contra este nocivo avanço que as mobilizações, como a realizada em Paris no último dia 26, se levantam. Direito social a todos, sim. Extinção das divergências e das liberdades de opinião e manifestação, não.


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