Inaldo Barreto
No
segundo livro de Samuel, no verso 4 do capítulo 15, há uma frase que diz muito
sobre a vontade oculta nos movimentos políticos: "Ah! Quem me dera fosse juiz nesse território". O nome do
filho de Davi significava: Pai de Paz, (Ab-Shalom).
A vontade
A
vontade é descrita pelos filósofos mais antigos como um desejo racional, como
fundamento do desejo de agir e também como fundamento da própria ação. Para
Kant era a razão prática, para Schopenhauer, o desejo de viver, para Fichte, se
tratava de um movimento da indeterminação para a determinação. Entre os Hebreus
a palavra para desejo é Awa,
significando também anelar, querer algo, desejar. O político brasileiro tem
aquela vontade de crer, acreditar naquilo que não há evidência clara ou
conclusiva. Ele disfarça dando a entender que acredita na manifestação pública,
mas acredita piamente que o povo protesta contra um governo invisível.
Absalão como
protótipo
As
palavras de Absalão escondiam uma vontade de potência, que Nietzsche acreditava
e afirmava ser algo sem base na razão, mas puramente desejo de potência. Ele
queria algo: o poder. Ser juiz, em seu no íntimo, significava a vontade de
reinar sobre Israel. O desejo de controlar os outros tanto emerge na alma do
governo como na alma do povo. A diferença é que o povo tem o direito de
reclamar e protestar contra os desmandos dos homens que foram eleitos para
governar por meio da justiça. Absalão foi hipócrita. Já o povo brasileiro está
sendo sincero. Aliás, nunca foi tão sincero e tão espontâneo como agora. Parece
ou talvez venha a se parecer com o líder sul-africano Nelson Mandela, e que a
vitória não demore fazendo os políticos caminharem em direção da justiça.
Dos
movimentos sociais, em especial desse movimento apartidário que surge no Brasil,
o desejo oculto é o mesmo. Desse movimento irá emergir novos candidatos no
futuro para substituir os atuais políticos que estão encastelados em Brasília.
O Presidente da Câmara tenta aprovar um projeto que irá proteger o ladrão dos
recursos públicos. A PEC 37 tenta equiparar o Brasil aos países mais atrasados
do planeta. Se um crime político só pode ser investigado pela polícia é porque
eles sabem que ficará mais fácil desviar o foco e instalar com muita facilidade
a impunidade entre eles. Eles querem a impunidade como regra privilegiada para
os eleitos pelo voto. Aprovada a PEC 37, político será, definitivamente, sinônimo
de ladrão.
Ditadura nunca mais
Nem
pensar numa intervenção do Exército, pois, o passado recente prova que o poder
corrompe, e quando a corrupção alcança o militar no poder, não temos a quem
buscar para expulsar o militar corrupto. Então melhor é a Democracia mesmo com
o poder manipulado pelo PT. Pelas urnas podemos colocar todos eles para
trabalhar como homens comuns, não mereceram representar o povo, a maioria não
foi digna do cargo.
Ninguém
deseja a violência. Se esse movimento fosse durante o período da ditadura,
certamente haveria repreensão com prisões, mortes e torturas. Eu que servi o
Exército no ano de 1964 tomei conhecimento de muita injustiça, gente que foi
violada nas prisões, que foi presa sem que fosse militante comunista, e ainda
que fosse não merecia ser morta apenas pelo fato de pensar de forma diferente.
Havia também gente da esquerda que pegou em armas. Alguns dos que fizeram
oposição à ditadura hoje estão no poder. Tenho ainda na lembrança o fato
ocorrido em Recife, quando uma estudante no meio da confusão provocada por uma
bomba foi detida. A polícia, procurando alguém para deter, prendeu quem estava
mais próximo. Na cadeia ela foi colocada de cabeça para baixo em estado de
menstruação.
Esse
caso foi contado pelo cientista (metodista) Warwick Estevam Kerr. Ele foi o
único que teve condições de ligar para o presidente americano e pedir a soltura
da estudante. É bom lembrar quando David Hume disse que Estrabeu, numa peça
teatral, recitou um verso no qual se podia ler: “Nem os deuses podem
transformar um soldado num homem polido”. Geralmente, dizia Estrabeu, um
soldado reflete pouco e costuma ser ignorante. São cordiais nas casernas,
pensam num inimigo comum e facilmente perdem a noção de justiça em nome da Lei
que procuram defender. Entretanto, hoje temos militares que cursam a faculdade
e apreciam a boa leitura, principalmente entre os cristãos.
O
que o povo não concorda é com o fato de um político ser condenado pelo STF por
corrupção e depois ser convocado para tomar posse no Congresso Nacional como Deputado com salário e toda benesse
oferecida pelo cargo. O povo não pode
concordar com os atos dos políticos que não respeitam a decisão jurídica, eles
agem com total desrespeito, subestimam a capacidade do cidadão brasileiro.
A Igreja
A
Igreja não deve se omitir diante da injustiça, as passeatas são válidas, para
protestar contra o desmando, a falta de investimentos e segurança. Falta ao
governo uma atitude. Como disse FHC, já não basta discurso. Chegou a hora de
uma atitude. A presidente deveria chamar as "forças vivas da nação"
para promover mudanças rápidas, que chegassem ao povo quase que imediatamente.
A
Igreja não pode esperar sentada enquanto o povo se movimenta, pois irá emergir
desse movimento uma nova liderança política. A Igreja está no mundo para protestar
contra as injustiças e condenar a violência, as depredações, e reprovar os
vândalos. A Igreja não pode andar a reboque dos movimentos. Ela deve ser o
próprio movimento contra as injustiças, contra os políticos corruptos.
Isso
é o que deve acontecer. E é melhor que os políticos atendam os anseios da
população. A Igreja não deve ficar na contemplação, mas pelos menos pelo Facebook protestem com veemência contra
a injustiça e contra os políticos corruptos instalados em Brasília e também nas
Câmaras Estaduais e Municipais.
A
Igreja deve se manifestar a favor do povo e contra os corruptos. Chega de
políticos que se elegem e se enriquecem e ainda não suportam a investigação do
STF, que querem manipular a Justiça a favor deles. É um completo desmando. Transformaram
o Brasil numa República de bananas. Nos envergonham perante as nações e ainda
ameaçam o povo com a aprovação da PEC 37.
Candidatos
se enriquecem logo após um ano de mandato. Essa corrupção descarada foi
denunciada pelo governador tucano Geraldo Alckmin. Os Políticos Haddad e
Alckmin fizeram um papel ridículo quando disseram que: "Vamos abaixar o
preço das passagens em R$ 0,20, mas isso custará em perda de investimentos
futuro". Ninguém acredita numa declaração dessas. O teor dessa fala é
totalmente infundado, é pura hipocrisia do poder público que no momento foi
representado por Alckmin e Haddad.
A
declaração da Presidente Dilma dizendo que iria usar 100% do recurso do Pré-Sal
para investir na Educação não condiz com as possibilidades reais desse desejo,
pois são muitos os interesses de outras forças políticas em tal receita. Ela
poderia dizer que investiria pesado na Educação com os recursos do Pré-Sal, mas
não afirmar categoricamente aquilo que não irá fazer em hipótese alguma.
O
poder político, o desejo de potência em relação à política é uma verdade nas
ruas e no Congresso. Muitos dos que estão agora exercendo mandato político
protestaram contra as injustiças, mas depois no poder retrocederam no desejo
racional (justo) e optaram por trilhar o caminho da irracionalidade, a busca do
próprio interesse, como “pastor que pastoreia a si mesmo”.
Protestos
A
Igreja deve apoiar as reivindicações. 94% dos “protestantes" acham que o
país irá melhorar. É isso que deve acontecer e é melhor que os políticos
atendam os anseios da população. Esse não é um protesto contra um partido
político, mas um protesto contra o homem público que não cumpre o seu mandato a
favor do povo. A Igreja não deve ficar na contemplação, mas pelos menos pelo
Face book proteste com veemência contra a injustiça e contra os políticos
corruptos instalados em Brasília e em outras Câmaras, Estadual e Municipal.
Esse
movimento social no Brasil não se refere aos míseros R$ 0,20 imaginados pela
classe política. Que fique registrado: O povo quer mais saúde, escolas e
Segurança. E, além disso, que seja banida a corrupção e punidos os corruptos.
Quando o Congresso Nacional premiou os condenados pelo STF ficou nítido que só
uma manifestação popular poderia por fim ao circo brasiliano.
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