terça-feira, 16 de julho de 2013

Movimento social “tupiniquim”

Inaldo Barreto

No segundo livro de Samuel, no verso 4 do capítulo 15, há uma frase que diz muito sobre a vontade oculta nos movimentos políticos: "Ah! Quem me dera fosse juiz nesse território". O nome do filho de Davi significava: Pai de Paz, (Ab-Shalom).

A vontade

A vontade é descrita pelos filósofos mais antigos como um desejo racional, como fundamento do desejo de agir e também como fundamento da própria ação. Para Kant era a razão prática, para Schopenhauer, o desejo de viver, para Fichte, se tratava de um movimento da indeterminação para a determinação. Entre os Hebreus a palavra para desejo é Awa, significando também anelar, querer algo, desejar. O político brasileiro tem aquela vontade de crer, acreditar naquilo que não há evidência clara ou conclusiva. Ele disfarça dando a entender que acredita na manifestação pública, mas acredita piamente que o povo protesta contra um governo invisível.

Absalão como protótipo

As palavras de Absalão escondiam uma vontade de potência, que Nietzsche acreditava e afirmava ser algo sem base na razão, mas puramente desejo de potência. Ele queria algo: o poder. Ser juiz, em seu no íntimo, significava a vontade de reinar sobre Israel. O desejo de controlar os outros tanto emerge na alma do governo como na alma do povo. A diferença é que o povo tem o direito de reclamar e protestar contra os desmandos dos homens que foram eleitos para governar por meio da justiça. Absalão foi hipócrita. Já o povo brasileiro está sendo sincero. Aliás, nunca foi tão sincero e tão espontâneo como agora. Parece ou talvez venha a se parecer com o líder sul-africano Nelson Mandela, e que a vitória não demore fazendo os políticos caminharem em direção da justiça.

Dos movimentos sociais, em especial desse movimento apartidário que surge no Brasil, o desejo oculto é o mesmo. Desse movimento irá emergir novos candidatos no futuro para substituir os atuais políticos que estão encastelados em Brasília. O Presidente da Câmara tenta aprovar um projeto que irá proteger o ladrão dos recursos públicos. A PEC 37 tenta equiparar o Brasil aos países mais atrasados do planeta. Se um crime político só pode ser investigado pela polícia é porque eles sabem que ficará mais fácil desviar o foco e instalar com muita facilidade a impunidade entre eles. Eles querem a impunidade como regra privilegiada para os eleitos pelo voto. Aprovada a PEC 37, político será, definitivamente, sinônimo de ladrão.

Ditadura nunca mais

Nem pensar numa intervenção do Exército, pois, o passado recente prova que o poder corrompe, e quando a corrupção alcança o militar no poder, não temos a quem buscar para expulsar o militar corrupto. Então melhor é a Democracia mesmo com o poder manipulado pelo PT. Pelas urnas podemos colocar todos eles para trabalhar como homens comuns, não mereceram representar o povo, a maioria não foi digna do cargo.

Ninguém deseja a violência. Se esse movimento fosse durante o período da ditadura, certamente haveria repreensão com prisões, mortes e torturas. Eu que servi o Exército no ano de 1964 tomei conhecimento de muita injustiça, gente que foi violada nas prisões, que foi presa sem que fosse militante comunista, e ainda que fosse não merecia ser morta apenas pelo fato de pensar de forma diferente. Havia também gente da esquerda que pegou em armas. Alguns dos que fizeram oposição à ditadura hoje estão no poder. Tenho ainda na lembrança o fato ocorrido em Recife, quando uma estudante no meio da confusão provocada por uma bomba foi detida. A polícia, procurando alguém para deter, prendeu quem estava mais próximo. Na cadeia ela foi colocada de cabeça para baixo em estado de menstruação.

Esse caso foi contado pelo cientista (metodista) Warwick Estevam Kerr. Ele foi o único que teve condições de ligar para o presidente americano e pedir a soltura da estudante. É bom lembrar quando David Hume disse que Estrabeu, numa peça teatral, recitou um verso no qual se podia ler: “Nem os deuses podem transformar um soldado num homem polido”. Geralmente, dizia Estrabeu, um soldado reflete pouco e costuma ser ignorante. São cordiais nas casernas, pensam num inimigo comum e facilmente perdem a noção de justiça em nome da Lei que procuram defender. Entretanto, hoje temos militares que cursam a faculdade e apreciam a boa leitura, principalmente entre os cristãos.

O que o povo não concorda é com o fato de um político ser condenado pelo STF por corrupção e depois ser convocado para tomar posse no Congresso Nacional  como Deputado com salário e toda benesse oferecida pelo cargo.  O povo não pode concordar com os atos dos políticos que não respeitam a decisão jurídica, eles agem com total desrespeito, subestimam a capacidade do cidadão brasileiro.

A Igreja

A Igreja não deve se omitir diante da injustiça, as passeatas são válidas, para protestar contra o desmando, a falta de investimentos e segurança. Falta ao governo uma atitude. Como disse FHC, já não basta discurso. Chegou a hora de uma atitude. A presidente deveria chamar as "forças vivas da nação" para promover mudanças rápidas, que chegassem ao povo quase que imediatamente.

A Igreja não pode esperar sentada enquanto o povo se movimenta, pois irá emergir desse movimento uma nova liderança política. A Igreja está no mundo para protestar contra as injustiças e condenar a violência, as depredações, e reprovar os vândalos. A Igreja não pode andar a reboque dos movimentos. Ela deve ser o próprio movimento contra as injustiças, contra os políticos corruptos.

Isso é o que deve acontecer. E é melhor que os políticos atendam os anseios da população. A Igreja não deve ficar na contemplação, mas pelos menos pelo Facebook protestem com veemência contra a injustiça e contra os políticos corruptos instalados em Brasília e também nas Câmaras Estaduais e Municipais.

A Igreja deve se manifestar a favor do povo e contra os corruptos. Chega de políticos que se elegem e se enriquecem e ainda não suportam a investigação do STF, que querem manipular a Justiça a favor deles. É um completo desmando. Transformaram o Brasil numa República de bananas. Nos envergonham perante as nações e ainda ameaçam o povo com a aprovação da PEC 37.

Candidatos se enriquecem logo após um ano de mandato. Essa corrupção descarada foi denunciada pelo governador tucano Geraldo Alckmin. Os Políticos Haddad e Alckmin fizeram um papel ridículo quando disseram que: "Vamos abaixar o preço das passagens em R$ 0,20, mas isso custará em perda de investimentos futuro". Ninguém acredita numa declaração dessas. O teor dessa fala é totalmente infundado, é pura hipocrisia do poder público que no momento foi representado por Alckmin e Haddad.

A declaração da Presidente Dilma dizendo que iria usar 100% do recurso do Pré-Sal para investir na Educação não condiz com as possibilidades reais desse desejo, pois são muitos os interesses de outras forças políticas em tal receita. Ela poderia dizer que investiria pesado na Educação com os recursos do Pré-Sal, mas não afirmar categoricamente aquilo que não irá fazer em hipótese alguma.

O poder político, o desejo de potência em relação à política é uma verdade nas ruas e no Congresso. Muitos dos que estão agora exercendo mandato político protestaram contra as injustiças, mas depois no poder retrocederam no desejo racional (justo) e optaram por trilhar o caminho da irracionalidade, a busca do próprio interesse, como “pastor que pastoreia a si mesmo”.

Protestos

A Igreja deve apoiar as reivindicações. 94% dos “protestantes" acham que o país irá melhorar. É isso que deve acontecer e é melhor que os políticos atendam os anseios da população. Esse não é um protesto contra um partido político, mas um protesto contra o homem público que não cumpre o seu mandato a favor do povo. A Igreja não deve ficar na contemplação, mas pelos menos pelo Face book proteste com veemência contra a injustiça e contra os políticos corruptos instalados em Brasília e em outras Câmaras, Estadual e Municipal. 

Esse movimento social no Brasil não se refere aos míseros R$ 0,20 imaginados pela classe política. Que fique registrado: O povo quer mais saúde, escolas e Segurança. E, além disso, que seja banida a corrupção e punidos os corruptos. Quando o Congresso Nacional premiou os condenados pelo STF ficou nítido que só uma manifestação popular poderia por fim ao circo brasiliano.

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